*(Por Profª Espec. Mara Sílvia Jucá Acácio)
Desde a colonização, quando os negros foram seqüestrados do território africano e foram trazidos como mão-de-obra escrava para o Brasil, que seus valores, sua cultura, sua religião, enfim, suas heranças africanas lhes foram arrancadas. A orientação oficial da igreja que justificava a escravidão naquela época era o argumento de que os negros não tinham alma e não tinham uma religião; portanto, podiam ser desrespeitados e escravizados (fatos que os livros didáticos no Brasil não mostram). Assim, o negro teve que abrir mão de sua religião, de seus costumes, de seus valores, de sua visão de mundo, de sua visão de sociedade e de Estado para enfrentar uma realidade de perseguição aqui no Brasil.
A primeira reação dos negros contra a intolerância religiosa foi uma estratégia de resistência conhecida como sincretismo religioso, ou seja, o negro escondeu a prática de seus valores religiosos por meio da prática da religião do seu dominador, só assim podia cultuar seus orixás, os comparando aos santos cultuados pelos portugueses. Assim surgiram o candomblé e a umbanda no Brasil como forma de resistência dos cultos afros, que continuaram sendo historicamente perseguidos e só obtiveram, assim como outras manifestações religiosas no Brasil, seus direitos adquiridos a partir da Constituição de 1988, que possui um capítulo que assegura aos brasileiros o direito e a forma de manifestar livremente a sua religião.Esse atraso no conhecimento levou à falta de com preensão, de informações desses direitos para a maioria das pessoas o que permitiu o crescimento da intolerância religiosa que é uma das questões centrais que a humanidade enfrenta hoje não só no Brasil, mas em quase toda parte do planeta.
Nesse contexto, a união é importante para que se possa sobreviver à intolerância religiosa. O povo-de-santo deve se unir e lutar pela convivência pacífica e tolerante entre as religiões, pois foi através da união que seus antepassados conquistaram seus direitos perante a Constituição Federal, que assegura a liberdade de crença, o exercício dos cultos religiosos e a proteção do Estado às manifestações das culturas populares dos índios,dos afro- religiosos e de outros grupos que fazem parte do processo de civilização do Brasil.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
Brasil quer combater intolerância religiosa
Folha de Londrina 22 de janeiro de 2008
Marcelo Casal/ABR O líder budista Ademar Sato, o representante do Centro Islâmico, Hajj Hamza Abdullah, e bispo católoco, Edson Luiz, no evento de criação do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa Brasília - Representantes de várias religiões e, também, ateus, participaram ontem de uma cerimônia no Ministério da Justiça em comemoração ao Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. Líderes das comunidades islâmica e católica e de religiões africanas e indígenas destacaram, na cerimônia, a importância do diálogo entre as religiões para a busca da paz entre os povos. A data foi oficializada pela Lei nº 11.635, de 27 de dezembro de 2007, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e está sendo comemorada pela primeira vez. O projeto de lei para a criação do Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa é de autoria do deputado Daniel de Almeida (PCdoB-BA). Embora muitos digam que no Brasil não existe esse tipo de intolerância, alguns líderes religiosos afirmam que existe intolerância em vários setores da sociedade. ´´É um mito que não há discriminação e intolerância no Brasil. Essa intolerância se inicia na própria família e perpassa todo o dia-a-dia, chegando ao campo profissional. É necessário conhecer, respeitar e dialogar´´, disse o secretário-executivo do Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (Conic), reverendo Luiz Alberto Barbosa. Na opinião de Barbosa, a data é importante para estimular a sociedade a discutir o assunto e para trazer novos instrumentos de inclusão do tema na agenda do governo. Segundo o subsecretário de Promoção e Defesa dos Direitos Humanos, Perly Cipriano, a criação da lei e a data da comemoração foram motivadas por um episódio ocorrido na Bahia. Em 21 de janeiro de 2001, uma mãe de santo faleceu, após ser vítima de atos violentos praticados por fanáticos.
Assinar:
Postagens (Atom)